"Não me alimento de quases. Não me contento com a metade. Não serei sua meio amiga e nem te darei meu quase amor. É tudo ou nada. Não existe meio-termo." Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que quase me deixa exausta. Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo. Eu sei chorar toda encolhida abraçando as pernas. Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
A BÚSSOLA DE OURO
Onde estás, alma desgarrada, que não me respondes?
Em que vão da memória, em que beco do passado te escondes?
Vago pelas ruas, deambulo insone, insana
E, como no pesadelo que me assombrava,
Passas por mim e eu, no ônibus que não pára, te perco.
Seguimos direções opostas, diversas.
Tergiversamos.
Combalida, enfraqueço: dôo-me toda.
O pulso é fraco, a respiração, débil.
Quem posso ser sem a minha alma?
Fragata ébria a soçobrar na correnteza de esgotos
Sem capitão, sem mastro, sem ratos, sem rastros?
Como posso ser o móbile solto no furacão
E ir em frente?
Não vou.
Empurram-me. Enxotam-me.
Sem minha alma não passo de zumbi errante,
Autômato sem luz, sem brilho, sem força.
Urro, berro, choro, grito, clamo:
-"Volta!"
E nem a pedra fria de meu túmulo me responde.
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